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Comida caseira com sabor de nostalgia: empreendedora aposta no tempero caseiro e cativa o paladar dos clientes


Lembra daquela época que você morava com os seus pais e acordava no meio da manhã de um domingo preguiçoso sentindo aquele cheirinho de comida caseira vindo da cozinha? Foi esta a sensação que senti quando entrei na cozinha de Danila Madruga, a nossa entrevistada da COMVERSA da semana.

Cheirinho de feijão caseiro no ar, marmitas sendo montadas, entregador saindo par fazer entregas e outros pedidos chegando. Esta é a rotina de todas as manhãs na cozinha de Danila, proprietária da Marmitas da Dani, no município de Goianinha, Rio Grande do Norte.

O início

Tudo começou no de 2019, depois de sair da empresa onde trabalhava, para ocupar o tempo ocioso e garantir uma renda.

Danila começou a fazer sopa para vender. A rotina de trabalho era de domingo a domingo: a primeira sopa que eu vendi foi para minha prima, que era minha vizinha. Comecei vendendo pela vizinhança.

Na época eu comprava um pacote que vinha com dez embalagens, minha maior felicidade era quando eu precisava comprar mais embalagens para atender os pedidos do dia”, lembra.

Danila começou a utilizar o Facebook para divulgar o seu trabalho, foi quando as vendas aumentaram e começaram a chegar pedidos de outros bairro.

E foi aí que surgiu a primeira dificuldade: “tinha gente que encomendava e passava na minha casa para retirar, mas a maioria dos pedidos eu fazia a entrega. Neste período tive alguns prejuízos, pois como eu não tinha muita noção de como as coisas funcionavam e também não cobrava pela entrega. Com o tempo o número de pedidos foi subindo e eu passei a fazer duas panelas de sopa, porque só uma já não atendia mais a demanda”, contou.

A sugestão de produzir marmitas para almoço partiu dos próprios clientes. A princípio, veio o receio de cozinhar em grande quantidade, mas a vontade de encarar o desafio foi maior. E foi aí que tudo começou. Quentinhas com arroz e creme de frango ou camarão servidos com batata palha.

O processo de vendas foi o mesmo lá do início: “eu comprava dez embalagens e ficava feliz da vida quando precisava repor… aí eu fazia o almoço de manhã e a sopa à noite”.

O Tempero da comida caseira

O tempero fez sucesso e os clientes continuaram sugerindo outras opções de cardápios, outros tamanhos de marmitas e o negócio foi expandindo. Pedidos chegando de repartições públicas como prefeitura, fórum, delegacia e também os comércios.

comida caseira

Hoje, com três funcionários e atendimento de segunda à sexta-feira apenas para almoço. A microempresária se sente realizada: “antes eu trabalhava de domingo a domingo e também nos feriados, contudo, chegou um momento que eu senti a necessidade de parar nos finais de semana, pois a rotina semanal estava muito exaustiva. Também parei com a sopa à noite, pois não estava mais sobrando tempo durante o dia”.

Mesmo sem trabalhar com aplicativos de vendas e sem serviço de divulgação, às vendas funcionam exclusivamente via WhatsApp e o marketing é o famoso “boca a boca”.

A Marmitas da Dani já já distribui as famosas quentinhas para quase toda a cidade: “hoje recebo pedidos de pessoas que nunca imaginei atender”.

O Público

Atender diferentes públicos, agradar e cativar o cliente nem sempre é uma tarefa fácil, pois trabalhar com alimentos também envolve outras questões importantes, como o cuidado com a higiene do local de trabalho, o tempero, o preparo, a seleção dos ingredientes.

Danila revelou que uma de suas maiores preocupações é com a saúde e bem estar das pessoas que consomem a sua comida caseira: “eu tenho clientes que são crianças, idosos e até os famosos fitness. Então quando eu cozinho, faço com o mesmo cuidado de quando eu cozinhava para a minha família. Sempre tive cuidado com o tempero porque o meu pai tem problema de saúde, então não adepta dos industrializados. Porém, também tenho as exceções, como o preparo de alguns cardápios para diferenciados para atender a necessidade de alguns clientes que seguem uma dieta mais restrita”, conta.

“Uma curiosidade é que no início as pessoas achavam que a minha mãe cozinhava e eu apenas vendia. Quando elas descobriam que eu, literalmente, colocava a mão na massa, ficavam incrédulas, pois me achavam muito nova para cozinhar tão bem. Eu que ralava na cozinha e minha mãe levava o crédito”, lembrou ao longo de nosso bate-papo.

Futuro

Danila ainda trabalha na cozinha de sua casa. Mas para um futuro ainda distante, sonha em expandir o delivery para um espaço físico e ter o seu próprio restaurante.

A futura empresária de sucesso já conhece a rotina da cozinha de restaurante.Ela ressalva que o maior desafio será o contato direto com o cliente, já que no delivery o contato existe de forma indireta.

Durante esses quatro anos trabalhando com marmitas e comida caseira, Danila conta que nunca recebeu nenhuma reclamação e considera isso uma vitória: “sei que, a partir do momento que eu partir para um espaço físico muita coisa vai mudar, será um novo desafio que estou disposta a encarar, mas não agora. Daqui a alguns anos”.

O empreendedorismo tem sido a principal saída para o desemprego. De acordo com o SEBRAE, as mulheres lideram 10,1 milhões de empreendimentos no Brasil e a participação feminina no mundo dos negócios chega a 34%.

“Uma das minhas maiores satisfações é o momento que finalizo a marmita pra tirar foto e me sinto extremamente satisfeita por estar fazendo algo que eu gosto e, principalmente, por saber que as pessoas gostam do meu trabalho”, finalizou.